Com o objetivo de trazer a conscientização e a prevenção no combate ao suicídio, a Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam) da Câmara Municipal discutiu, nesta terça-feira (14/9), com a abertura realizada pelo presidente da Comissão, vereador Jessé Sagalli (Cidadania), as ações do Setembro Amarelo e de como se ampliar as políticas públicas para que os índices de suicídio diminuam entre a população.
Conforme a proponente do tema, vereadora Psicóloga Tanise Sabino (PTB), é preciso que as pessoas falem sobre o tema que ainda é um tabu. “Como presidente da Frente Parlamentar de Suicídio e Automutilação, tenho trabalhado arduamente na prevenção do suicídio. Devemos estar atentar para os sinais de alerta e sobre o que não devemos falar”, ressaltou. Segundo Tanise, mais do que falar sobre o suicídio, é fundamental falar sobre sobre a saúde mental, resiliência e superação.
Dados trazidos pela vereadora alertam que de 800 mil a 1 milhão de pessoas realizam suicídio no mundo. E há uma média de dez tentativas a cada suicicídio, sendo mais frequente entre jovens de 15 a 29 anos e idosos de 65 a 70 anos. A cada 45 minutos uma pessoa realiza suicídio no Brasil. As mulheres realizam mais tentativas de suicídio, por outro lado, os homens são os que mais concretizam o ato. Segundo especialistas, a principal causa tem sido a depressão e, por isso, é fundamental desenvolver estratégias de prevenção e políticas públicas.
Ações
Conforme a vereadora Tanise, já foram realizadas ações como iluminação na cor amarela de prédios públicos, caminhadas com camisetas de conscientização, palestras com o objetivo de chamar a atenção sobre o tema e promover o diálogo. “Neste mês estamos fazendo uma abordagem na entrada da Câmara com a entrega de um material que tem informações sobre como prevenir a doença.” Além de ações com palestras de prevenção em escolas municipais, informações preventivas em busdoor, em relógios da Capital e de palestras com servidores municipais. “Precisamos estabelecer um contato mais próximo com pessoas que estão ao nosso redor. As pessoas, muitas vezes, não têm com quem falar, o silêncio pode matar. E essas pessoas querem desesperadamente viver e precisam de ajuda. Precisamos ficar atentos.”
Marilise Souza, da Secretaria do Estadual de Saúde (SES/ RS) e atuante da área técnica de saúde mental, ressaltou que foi criado um Comitê de Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio, com o intuito de trabalhar com ações temáticas, através de crianças e adolescentes, com servidores da segurança pública, da saúde indígena, idosos e outros. “No governo estadual, também serão feitas neste mês palestras de prevenção, iluminação de locais públicos, educação permanente de profissionais e ações de prevenção durante todo ano de 2021, além de projetos específicos que trabalham políticas públicas de ampliação.”
Fernanda Jardim, coordenadora da Escola de Gestão Pública da Capital, informou que, no próximo dia 22 de setembro, juntamente com a Escola do Legislativo e com o Centro de valorização da Vida (CVV), será feita uma palestra com os servidores municipais para falar sobre o tema Setembro Amarelo. Disse que é fundamental conversar e esclarecer as pessoas sobre os principais sinais.
Lisiane Chitolina Eberle, representante do Centro de Valorização da Vida (CVV), destacou que o local recebe 10 mil ligações diárias no Brasil e são atualmente 4 mil voluntários que recebem ligações anônimas para ouvir as pessoas. “É fundamental saber onde encaminhar essas pessoas para que sejam acolhidas e monitoradas. Além desse trabalho, o Centro também tem o CVV Comunidade que, através de um grupo de apoio, vai até as comunidades e ouve as pessoas que falam de suas dores”, relatou.
Rogério Cardoso, do Núcleo de Psiquiatria do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), destacou que o Simers tem melhorado a assistência psiquiátrica. Em 2020, fez uma campanha para que fosse reaparelhado o local de psiquiatria no Hospital São Pedro. “Nos mais de 200 Centros de Atenção Psicossocial (Caps), não existe local adequado para atendimento psiquiátrico. Por isso, já estamos fazendo um levantamento para que essas deficiências sejam supridas.”
Cincinato Neto, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), informou que a Capital possui 26 leitos e elencou algumas ações prioritárias que estão sendo feitas. “Estamos realizando lives de conscientização e palestras de prevenção, assim temos o objetivo de conscientizar ainda mais as pessoas sobre a importância do tema.”
Vereadores
Cláudia Araújo (PSD) destacou que é importante que o tema seja mais trabalhado. “Que possamos trabalhar mais essas informações e evitar mais suicídios. Sabemos que a pandemia agravou ainda mais essa questão, e a violência contra a mulher também aumenta a cada dia. Essa é uma doença silenciosa causada muitas vezes pela depressão.” Aldacir Oliboni (PT) acredita que deve ser ampliada a oferta da saúde mental. “Esse serviço precisa ser mais acessado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na Capital, somente o Postão da Cruzeiro tem esse acesso, existem somente 12 leitos e muitas pessoas ficam aguardando horas e sem a disponibilidade de macas.” José Freitas (Republicanos) ressaltou que esse problema está mais perto de nós que imaginamos. E relatou que, na igreja que frequenta, existe um trabalho feito com jovens e idosos e muitos já haviam tentado o suicídio. “Fui conselheiro tutelar durante sete anos e já me deparei com muitas situações dessa natureza. Por isso, temos que atentar para os sinais e ajudar quem está próximo de nós.” Também estiveram presentes a vereadora Lourdes Sprenger (MDB), o deputado estadual Elizandro Sabino (PTB) e representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) e demais profissionais ligados à área da saúde.