A educação não é mais a mesma depois da pandemia do coronavírus (COVID-19). Desde a retomada gradual do ensino presencial, o desafio tem sido, além de recuperar o atraso no plano educacional, também trabalhar a gestão emocional dos alunos. Docentes pedem apoio para lidar com questões emocionais das quais destacam-se a ansiedade, depressão, dispersão e dificuldade de concentração no retorno dos alunos.
Na quarta-feira (11), a Psicóloga Vereadora Tanise Sabino esteve na cidade de Alvorada para atender o pedido da direção e orientação da Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora Aparecida, realizado por intermédio da jornalista Aminie Pinheiro Jardim Cardoso da Silveira, que também é uma amiga da escola e liderança comunitária local.
De modo geral, os professores relatam baixo índice de participação de alunos nas atividades, o que gera ainda mais atraso na recuperação do calendário letivo. O objetivo então da palestra foi despertar nos alunos uma consciência sobre seus sentimentos e técnicas de como lidar com as emoções.
“Estamos tendo dificuldades neste retorno, os alunos tem apresentado crise de ansiedade, dificuldade de se relacionar, organizar seu espaço de estudo, dificuldades de aprendizagem. A escola fez um trabalho de sondagem e retomada no aprendizado, porém muitos ainda não conseguem lidar com a questão das avaliações e trabalhos propostos.”, expôs a orientadora escolar Fernanda Schiavon Moraes.
Segundo a jornalista e amiga da escola, Aminie: “O isolamento social afetou a todos, especialmente no que diz respeito à saúde mental, e isso precisa ser não só observado com cuidado na volta às aulas mas também acompanhado para a escola conseguir proporcionar um aprendizado efetivo e saudável. Além dos protocolos de proteção, é fundamental que haja um cuidado com a saúde mental de toda comunidade escolar e é por isso que estamos aqui, a disposição, para somar nesse enfrentamento.”
Para Tanise, “é preciso considerar e buscar entender como cada um está voltando depois de passar um período distante fisicamente da escola. A escuta sobre como foi a vivência da quarentena, quais são as repercussões emocionais e físicas do que foi vivido, os medos, as alegrias, as perdas…Tudo isso precisará ganhar espaço para ser dito e ouvido de alguma forma. Afinal, independentemente de como foi para cada um, esse momento de isolamento deixa marcas que precisam ser vistas, acolhidas e, cuidadas. Nesse sentido o direcionamento de uma palestra sobre a ‘Gestão da emoção: Aprendendo a lidar com os sentimentos” foi bem importante. A turma participou bastante’, destacou a parlamentar
A palestra ministrada pela Psicóloga Tanise Sabino contemplou 45 alunos, integrantes de duas turmas, uma de 1º e outra de 3º ano do Ensino Médio, que lotaram a sala de vídeo preparada para esse acolhimento e direcionamento. Com afirmações e questionamentos como: “Não é fácil ser jovem nos dias de hoje!”, “Não é fácil falar de sentimentos!”, “O que eu sinto é normal?”, “O que você faz com aquilo que fizeram com você?”, “Se você não tem um bom exemplo na sua família, seja você o exemplo!” Tanise ganhou a atenção dos alunos, que participaram de forma ativa, interagindo e dividindo suas experiências e dúvidas.
A psicóloga também falou acerca da Depressão, explicando que esta é uma doença que afeta principalmente o humor psicológico, entretanto que não se restringe a isso, mas afeta a saúde por completo, o corpo, os pensamentos e a forma de compreender e se relacionar com o mundo. E, ainda trouxe a conhecimento que a profunda tristeza, a depressão, pode desencadear pensamentos suicidas e que é muito importante falar sobre.
“Será que se eu falar sobre suicídio eu vou incentivar as pessoas a pensarem sobre isso? Não. É importante falar sobre este tema. Procurar esclarecimento junto a direção ou orientação escolar, sim! Estima-se que 90% dos suicídios poderiam ser prevenidos se houvesse diálogo sobre e uma orientação adequada para conviver e também superar problemas e dificuldades. O que se percebe é que as pessoas que pensam em suicídio, na verdade não querem se matar, mas sim querem acabar com a dor, com o sofrimento que não conseguem mais conviver e suportar.”
Segundo Tanise, as expressões “Vontade de sumir”, “Sem forças para viver”, “Sou um peso na vida de todo mundo”, “Quero dormir e nunca mais acordar”, são sinais de alerta e pedido de ajuda. Observar além do que se está emitindo como o que se está fazendo consigo próprio é outro cuidado importante. A automutilação não suicida tende a começar no início da adolescência. O ato de provocar, por vontade própria, qualquer tipo de ferimento físico. Esse comportamento, causar dor. Frequentemente, a pratica da automutilação é repetidamente em uma única sessão, provocando diversos cortes ou queimaduras no mesmo local.
A palestra foi concluída com êxito e com a declaração da Psicóloga Tanise afirmando que: “Depressão não é escolha! Suicídio não é escolha! Automutilação não é escolha! Mas, é possível sim ter uma vida saudável, independente das adversidades, pois a gestão da emoção depende da gestão dos nossos pensamentos e precisamos treinar isso se queremos nos manter saudáveis. Pensar antes de agir é uma habilidade a ser conquistada. É preciso pensar, falar sobre e enfrentar medos, bem como se posicionar e sair da síndrome do coitadismo. Pois, é normal sentirmos todas as emoções, mas o que importa e devemos atentar para isso é como lidamos com elas.”