No dia 6 de junho, foi realizada uma ação em frente ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre com o objetivo de promover a conscientização sobre o Junho Laranja, mês de luta contra queimaduras, incluído no calendário oficial da capital através de uma Projeto de Lei da Vereadora Psicóloga Tanise Sabino. Nesta data, é celebrado o Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras.
Durante a ação, foi distribuído um material didático com dicas para evitar queimaduras e, em um ato simbólico, os participantes soltaram balões cor de laranja no ar.
Ao lado da parlamentar estavam apoiadores do Junho Laranja, acrescida de enfermeiros do HPS do setor de queimados e também duas presenças muito especiais: Ana Paula e Fernanda, ambas vítimas de acidentes com lareiras ecológicas, que tiveram 30% de seus corpos queimados, permanecendo por longos períodos na UTI de Queimados do HPS, que é referência no atendimento deste tipo de trauma no Estado.
Ana Paula procurou a vereadora Tanise Sabino para falar de sua dor e da importância de falar sobre o tema de forma sistemática, já que a maioria das queimaduras podem ser evitadas. “Fiquei cinco dias na UTI e 22 dias internada no HPS. Fiz quatro enxertos de pele. No momento do acidente, o fogo foi rápido demais, quente demais. Hoje me sinto uma mulher transformada. Não sou mais forte porque passei pelo fogo, mas porque aceitei o processo: a nova condição de ver a cicatriz, o olhar da sociedade, a volta ao mercado… como uma sobrevivente, sou agente de prevenção. Acredito que eu tenho obrigação de passar informações para que isso não aconteça. É uma verdadeira barreira, e depois que a pessoa sai do HPS, tem mais barreiras…”, desabafou Ana, emocionada.
Após a soltura dos balões, a vereadora Tanise Sabino foi convidada para conhecer a UTI de Queimados, na companhia do Coordenador de Enfermagem da UTI de Queimados, Enfermeiro Tiago Fontana e de Ana Paula e Fernanda. Foi a primeira vez que Ana e Fernanda retornaram ao local que as acolheu, e a comoção foi inevitável: “aqui o atendimento é maravilhoso, por isso não dá vontade nem de sair. Voltar à vida e encarar todo o preconceito da sociedade é um dos maiores e constantes desafios de uma vítima de queimaduras”, contou Ana emocionada, respondendo ao questionamento de Tiago, sobre o que poderia melhorar no serviço.
A vereadora Tanise também se emocionou, confessando: “São momentos assim que me fazem seguir firme em meu propósito e agradecer pela oportunidade de, através do meu mandato, dar visibilidade, espaço e acolhida a dor de cada um, contribuindo para promover a conscientização e, neste caso específico, podendo ser uma agente de transformação. Há dores que não podem ser evitadas, mas as das queimaduras não é uma delas”, concluiu a parlamentar. Tanise lembrou que a grande maioria dos acidentes com queimaduras acontece dentro de casa e pode ser facilmente evitada: “A ideia é a prevenção das queimaduras, principalmente. Essa é a palavra-chave. Queremos prevenir com cuidados básicos em casa, como a questão do fogão. Entendo que, quando se faz uma ação como essa, tu colocas a pauta na agenda da cidade, fazendo com que as pessoas comentem: “Não sabia que tinha o Junho Laranja. O que é isso?”, como prevenir, como lidar, quais são as dificuldades? Isso começa a trazer uma discussão sobre o assunto”, afirma a vereadora.
De acordo com Tiago Fontana, as vítimas mais atingidas por queimaduras são jovens adultos, entre 15 e 40 anos. Além disso, os homens costumam se queimar mais, já que se expõem mais a riscos e se cuidam menos, acrescenta o enfermeiro. As principais causas de queimaduras em adultos são chamas, explosão de líquidos inflamáveis como álcool e gasolina, além de incêndio.
As maiores complicações no tratamento de queimaduras são, sobretudo, os múltiplos procedimentos necessários, destaca Fontana. Por vezes, os pacientes precisam de até 10 cirurgias plásticas e, em casos muito graves, não há de onde extrair pele para fazer enxertos, sendo necessário requisitar ao banco de pele para realizar um curativo temporário. Portanto, o grande desafio é resolver rapidamente a situação, visto que os pacientes estão sem a barreira de proteção da pele e se tornam mais suscetíveis a infecções. Além disso, esses casos exigem cuidados psicológicos e físicos, pois, em muitos casos, perdem a mobilidade de algum membro e ficam com sequelas motoras.
A situação também acaba gerando um grande impacto financeiro para o sistema de saúde e família.
Quer saber sobre como agir em caso de queimaduras? Confira as dicas que preparamos, distribuídas nesta ação de conscientização no link abaixo: