A Comissão de Saúde e Meio Ambiente (COSMAM) da Câmara Municipal de Porto Alegre abordou, na manhã de ontem (27/6), a prevenção de acidentes que resultam em queimaduras. A pauta foi sugerida pela vereadora Psicóloga Tanise Sabino (PTB), e integra o rol de ações da programação do Junho Laranja de Prevenção às Queimaduras.
Junho Laranja é uma Lei Municipal de autoria da vereadora Psicóloga Tanise Sabino, aprovada no mês de abril deste ano e sancionada pelo prefeito, sendo a Lei Nº 13.449/23, que inclui a efeméride Junho Laranja – Mês de Luta Contra Queimaduras no Anexo da Lei nº 10.904, de 31 de maio de 2010 – Calendário de Datas Comemorativas e de Conscientização do Município de Porto Alegre. O mês tem como objetivo trabalhar a conscientização das pessoas quanto aos fatores de risco e prevenção, ampliando o debate com a população, instituições públicas e privadas. Conforme a vereadora Tanise Sabino “o Junho Laranja, mês de luta contra queimaduras, é uma iniciativa para abordar, abertamente, as suas causas e as formas de prevenção e tratamento, trazendo conhecimento e mais segurança ao dia a dia, afinal, a maioria dos acidentes são domésticos”.
A vereadora Psicóloga Tanise Sabino ressaltou que a ideia de fazer a Lei do Junho Laranja foi um pedido de uma vítima de queimadura, Ana Paula Rodrigues, que solicitou mais visibilidade à causa.
O coordenador da Unidade de Queimados do Hospital de Pronto Socorro (HPS), Tiago Fontana, e a coordenadora da UTI de Trauma Pediátrico do HPS, Renata Brasil, apresentaram dados sobre os acidentes e destacaram a importância da prevenção para evitá-los. Fontana disse que o HPS faz dois mil atendimentos por queimaduras anualmente. “Entre 80% e 90% deles são evitáveis. E 80% dos acidentes com crianças são na cozinha. Ou seja, lugar de criança não é na cozinha.”
Renata Machado Brasil, Coordenadora da UTI Trauma Pediátrico do HPS, informou que, no ano de 2022, houve 244 internações por queimaduras na UTI, 88 delas de crianças. Ao reforçar a defesa da prevenção, a coordenadora citou outro dado: “no período de férias escolares aumenta o número de acidentes com crianças, que ficam em casa às vezes sem um acompanhamento adequado”.
A Suyan Ribeiro, Biomédica e Membro da Equipe do Banco de Tecidos da Santa Casa de Porto Alegre, em sua manifestação falou dos tipos de queimaduras (1º, 2º, 3º e 4º grau), as funções do banco de tecidos, sobre a captação de pele e processamento e sobre amniótica humana.
Estiveram presentes na reunião, duas convidadas pela COSMAM, Ana Paula Rodrigues e Fernanda Basso, ambas vítimas de acidentes com queimaduras causadas por lareiras ecológicas, que contaram como se feriram e as sequelas físicas e emocionais que tiveram. Ana Paula Rodrigues, que teve 30% do corpo queimado, defendeu um melhor atendimento psicológico às vítimas após os acidentes. “A gente fica, não apenas com a saúde física prejudicada, mas com a saúde mental muito afetada. Eu mesma tive depressão, e ainda há muitas pessoas escondidas em casa com vergonha de sair”.
A arquiteta Fernanda Basso disse que se acidentou com uma lareira ecológica (que utiliza álcool como combustível) quando visitava um imóvel de um cliente. Ela também teve 30% corpo queimado e ficou 40 dias na UTI. “Depois do acidente, comecei a pesquisar sobre estes equipamentos e descobri que não há uma certificação que ateste a segurança deles”.
No fechamento da reunião, a Vereadora Psicóloga Tanise Sabino disse que “a reunião foi impactante por trazer os dados sobre os acidentes e também os depoimentos de vítimas”. Afirmou que as informações levadas à comissão reforçam a importância da prevenção e de campanhas como o Junho Laranja. Quanto às lareiras ecológicas, sugeriu que a COSMAM analise a possibilidade de um projeto de lei disciplinando o uso dos equipamentos na cidade.
Estiveram presentes Tiago Fontana (Enfermeiro, Mestre em Enfermagem, Coordenador de Enfermagem da UTI de Queimados do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre); Renata Brasil, coordenadora da UTI pediátrica; Suyan Ribeiro, Biomédica e Membro da Equipe do Banco de Tecidos da Santa Casa de Porto Alegre; Luiz Ronaldo Huber, gerente de administração do Hospital Cristo Redentor (HCR); Fumagali, Bombeiro Civil; e as pacientes Ana e Fernanda; servidores municipais da saúde, da Câmara de Vereadores e Assembleia Legislstiva.
Texto
Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)
Edição
Marco Aurélio Marocco (reg. prof. 6062)
Caroline Strüssmann (reg. Prof. 9228)