Na manhã do dia 19 de setembro, por proposição da Vereadora Psicóloga Tanise Sabino, a reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (COSMAM) discutiu o uso do canabidiol em tratamentos médicos: vantagens e desvantagens do ponto de vista técnico.
Ao apresentar o tema, Tanise salientou: “sabemos que é uma pauta polêmica, que traz muito debate, e é justamente este o nosso intuito. É uma pauta que tem grande relevância e vem ganhando muito destaque, por isso precisamos trazer a questão técnica. É importante dizer que em nenhum momento estamos falando sobre a descriminalização de drogas, o que estamos falando é da utilização de um princípio ativo da planta cannabis sativa, o canabidiol que está sendo efetivo, segundo estudos, em tratamentos de epilepsia, parkinson, alzheimer, autismo, por exemplo. Por outro lado ainda temos riscos quanto a regulação e qualidade dos produtos. Quero compartilhar que existe uma nota técnica da Associação Brasileira de Psiquiatria que não recomenda o uso de derivados da canabis, por considerar que ainda existem evidências científicas suficientes”.
O representante da Secretaria Municipal da Saúde, Dr. Alceu Gomes Filho, esclareceu que ainda não existem os chamados estudos de consenso de nível A: “temos estudos de casos, ensaios clínicos, mas nos faltam estudos de efeitos à longo prazo, os chamados estudos de consenso”. Alceu também reforçou o objetivo da reunião: “estamos falando do canabidiol, um fármaco, é preciso separar. Não estamos falando da maconha, que aliás, já está provado, ela contém o tetrahidrocanabinol, e seu uso antecede em 4 anos o surto esquizofrênico, ou seja, se um indivíduo está para desenvolver esquizofrenia aos 18 anos e faz uso da maconha aos 12, ele antecipa para os 14 anos o início deste transtorno. Nosso parecer é que os estudos precisam continuar, para que tenhamos os estudos de Consenso de Nível A”.
A Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) esteve presente no debate através do Dr. José Augusto Bragatti que frisou em sua fala: “a AMRIGS é sempre a favor do paciente. E nós, médicos, temos que basear nossa atuação em metodologia científica. E é a ciência que nos mostra que é preciso comprovar que um fármaco tem mais eficácia que outro em um tratamento clínico, e isto ainda não existem em relação ao canabidiol.” Bragatti também expressou sua preocupação quanto ao uso do canabidiol.
O Sr. Fábio Rods, presidente da Associação de Amigos do Projeto Eliézer que atua junto a pacientes terminais, com cuidados paliativos, relatou sua experiência prática de bons resultados com o uso do canabidiol junto aos pacientes terminais, mas também destacou que existe muito preconceito e desinformação: “não estamos falando de uma droga ilegal, nem de um medicamento que só pode ser adquirido através de judicialização. A importação já está aprovada pela ANVISA”.
O Presidente do NAREP, Ildefonso Cruz da Silva foi incisivo: “estou aqui para aprender. Esta é discussão muito necessária. Represento os grupos que trabalham com tratamento e apoio a dependentes químicos e não podemos correr o risco de regulamentar uma medicação que possa gerar mais danos do que benefícios”.
Presente na plenária, a Bióloga Aline Dadaut relatou a sua experiência pessoal enquanto paciente de fibromialgia que a fez tornar-se Consultora Cannabica, testemunhando muitos benefícios: “troquei oito medicamentos que tomava diariamente pelo canabidiol e obtive ótimos resultados. Esta discussão é muito pertinente”.
Ao final da reunião, a Vereadora Psicóloga Tanise referiu: “acredito que esta reunião cumpriu com seu propósito, foram levantados dados técnicos e aberto o debate. Mas precisamos seguir com esta discussão, pois estamos falando de saúde pública, e ela deve ser segura para todos”, concluiu, frisando uma vez mais que em nenhum momento está em questão a descriminalização da maconha ou mesmo qualquer outra droga: “Sou claramente contra o uso de qualquer droga como uso recreativo”.