No final da manhã de hoje (17), a Vereadora Psicóloga Tanise Sabino e a Coordenadora da Saúde Mental da Prefeitura de Porto Alegre, Cristiane Stracke, estiveram no Hospital de Clínicas de Porto Alegre para acompanhar de perto o procedimento de aplicação da cetamina. As duas foram recebidas pelo Dr. Paulo Abreu, médico psiquiatra do hospital.
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre tem utilizado o procedimento da medicação cetamina, via administração subcutaneo, como forma de tratamento para os sintomas de depressão, pois é mais seguro para o paciente e tem resultado igual ao endovenoso e nasal. O tratamento é planejado em sessões que ocorrem duas vezes por semana, durante um período de uma a seis semanas, dependendo de cada caso. Nas situações em que estiver indicado o tratamento de manutenção com cetamina, as sessões são realizadas de uma a quatro vezes por mês. A duração e a frequência do tratamento de manutenção dependem do caso.
A cetamina é um medicamento utilizado como anestésico há muitos anos. Estudos científicos recentes têm evidenciado melhora dos sintomas depressivos com a utilização de doses muito menores do que as necessárias para a anestesia (dose sub-anestésica). Sua indicação seria para pacientes que não apresentaram resposta adequada aos tratamentos de primeira escolha para a depressão, como, por exemplo, os antidepressivos. A dose administrada é de 0,5mg a 1mg por kg de peso, durante 40 (quarenta) minutos, e deve ser realizada em ambiente hospitalar. Nas doses e intervalos recomendados, se reduz drasticamente o risco de dependência química.
A medicação está sendo utilizada dentro de um estudo realizado pelo Hospital de Clínicas em formato extensão de bula e faz parte de um projeto de pesquisa. A cetamina, também conhecida como cloridrato de escetamina, ketamina ou quetamina, é uma substância inicialmente desenvolvida e utilizada como anestesia. Entretanto se verificou seu potencial também como potente antidepressivo em casos mais severos. No Brasil, seu uso foi normatizado apenas há alguns anos, enquanto países como os EUA a utilizam há mais tempo, ou seja, com evidências e protocolos já bem desenvolvidos. O tratamento com cetamina é indicado para pessoas que sofrem de depressão resistente. Isso significa dizer que os pacientes que já foram submetidos aos protocolos convencionais de medicação e psicoterapia, sem apresentar resposta. Nessa condição, o paciente fica desamparado e a doença tende a evoluir.
Os procedimentos são realizados todas as terças e quintas-feiras pela manhã, das 10h30 às 12h, no Hospital de Clínicas, com controle de funções vitais e condições técnicas de suporte de vida.
. Na manhã desta quinta-feira, foram atendidas duas pessoas: um homem, em torno de 30 anos, acompanhado pela mãe; e uma mulher, em torno de 40 anos, acompanhada por uma amiga. A orientação é que os pacientes sempre venham com acompanhantes. Como o processo de aplicação deve ser acompanhado por um médico, o Hospital de Clínicas só tem condições de realizar dois procedimentos por dia. Após a aplicação, o paciente deve responder a um questionário com perguntas sobre ansiedade, depressão e sensopercepção. A indicação da cetamina também é eficaz na redução do risco de suicídio, abrangendo tanto o desejo quanto o planejamento suicida, tanto em casos de depressão unipolar quanto bipolar.
Conforme o Dr. Paulo Abreu, médico psiquiatra do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, “iniciamos a aplicação da cetamina em 2018, mas paramos com a pandemia; agora estamos retornando. A aplicação é bastante simples, e os custos para o Hospital são baixos, tendo em vista os resultados para a população. Os custos são a ampola da cetamina, que custa em torno de R$ 14,00, além do custo com seringa, agulha, algodão, uma maca e um aparelho para monitorar a pressão arterial. Os estudos têm demonstrado excelentes resultados. Claro, lembrando que não é para qualquer paciente. É somente para aqueles que são refratários, ou seja, já foram tentados vários tratamentos, sem sucesso. E deve ser sempre realizada a aplicação da cetamina em ambiente hospitalar.”
A Dra. Cristiane Stracke, Coordenadora da Saúde Mental da Prefeitura, referiu que: “como médica e psiquiatra, já tinha me familiarizado com os resultados positivos da aplicação da cetamina no tratamento da depressão refratária. Hoje, como Coordenadora da Saúde Mental da Prefeitura, tive o privilégio de acompanhar o Dr. Paulo Abreu, meu colega psiquiatra, para realizar essa visita técnica no Hospital de Clínicas. Pudemos observar em detalhes como essa terapia está impactando a vida dos pacientes. O procedimento é bastante simples, e os resultados têm se mostrado bem positivos. Vamos estudar a possibilidade de incluir a prefeitura neste estudo”, disse Stracke.
Segundo a Vereadora Psicóloga Tanise Sabino, “após pesquisar e adquirir conhecimento sobre a eficácia da aplicação de cetamina em pacientes com depressão refratária, tive o privilégio de visitar o Hospital de Clínicas para testemunhar os resultados promissores desse tratamento inovador. Fiquei profundamente impressionada ao ver como a cetamina tem oferecido esperança a indivíduos que lutam contra uma forma tão grave de um transtorno, que é a depressão. A visita técnica reforçou a importância do Executivo em investir em abordagens terapêuticas avançadas e ressaltou a necessidade contínua de apoiar pesquisas médicas que possam trazer alívio a aqueles que enfrentam condições de saúde mental tão complexas. Estou determinada a compartilhar essas descobertas com meus colegas vereadores, bem como a população em geral, e a trabalhar no sentido de expandir o acesso a terapias inovadoras como essa, que oferecem uma nova perspectiva de vida para os afetados pela depressão”, disse a Vereadora Sabino.
A ideia é que a Prefeitura de Porto Alegre, através da Secretaria Municipal de Saúde, possa ser incluída neste estudo do Hospital de Clínicas. Após a visita técnica, o encaminhamento será de retornar a conversar com o Secretário Municipal da Saúde, Fernando Ritter, e a equipe da saúde mental, para avaliar a sua implantação.