Na Roma antiga, para agradar o povo, era promovido o combate de gladiadores, um tipo de atração daquela época. As lutas de gladiadores estavam presentes no dia-a-dia dos romanos, para diversão popular e para elite, quem financiava os combates.
Os gladiadores lutavam até que um deles morresse, fosse ferido com gravidade ou perdesse a arma, ficando sem condição de combater. Portanto, era uma luta de matar ou morrer. Já na plateia, o povo queria ver sangue, aplaudia e torcia… E muitas vezes vaiava os que não combatiam com a fúria esperada.
Hoje a arena se transformou. A arena agora é outra e se dá no campo das redes sociais. É preocupante ver pessoas, grupos de WhatsApp e outras ferramentas utilizarem as redes sociais com o objetivo de ferir ou ver os outros se ferirem. Um lugar onde o sangue não precisa mais ser derramado para eliminar um competidor e ganhar uma guerra, porque a própria informação se torna a arma mais poderosa, podendo ser usada por estados, empresas, pequenos grupos e indivíduos. Afinal, se está no Facebook ou WhatsApp, só pode ser verdade! Uma pequena minoria procura verificar a veracidade da informação. A maioria das pessoas, já compartilham, e entende a informação como verdade.
Muitos se sentem como gladiadores em uma batalha por atenção, onde se criam narrativas e conteúdos com o objetivo de propagar o engano, confusão, divisão, exposição e o descrédito. Indo na contramão do senso comum, mas tendo um olhar como psicóloga, vejo que algumas pessoas saboreiam quando percebem que alguém está sendo atacado por algo. Independente se, de fato, ele é o causador ou não, o importante é que se satisfaça com a dor dos outros.
Muitas vezes os que gostam de propagar o ódio estão apenas refletindo suas dores nas redes, seja disseminando fake news, diminuindo ou atacando pessoas através do Cyberbullying, aplaudindo a intolerância, propagando mentiras ou manchando a honra de pessoas que, muitas vezes, são levadas ao suicídio. Fazem tudo isso pelo simples prazer de serem vistos, comentados e até mesmo ovacionados.
Esse tipo de comportamento tem uma diferença em relação aos gladiadores do Império Romano, visto que eram escravos ou prisioneiros de guerra condenados à morte. Hoje os gladiadores se tornaram escravos dos sentimentos ruins, onde projetam suas frustações para a plateia e transformam o que poderia ser um canal de informação, conscientização e interação, em uma arena que influencia a percepção, o pensamento e as emoções dos telespectadores que os aplaudem. Somos todos os alvos dessas guerras. Somos aqueles cujos cliques, comentários e compartilhamentos decidem qual lado ganha.
A partir disso, surge o receio de que a sociedade se inspire em gladiadores que desejam ferir até a morte física ou emocional. Desejo uma sociedade mais empática, solidária e equilibrada. Que a nossa real luta, seja por dias melhores, e uma sociedade mais justa. Essa é a minha arena! Essa é a minha luta constante. Uma sociedade mais saudável emocionalmente.
Tanise Sabino
Psicóloga, Vereadora e Presidente do PTB Porto Alegre