A reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (COSMAM) desta terça, 10 de setembro, trouxe por proposição da Vereadora Psicóloga Tanise Sabino e da vereadora Lourdes Sprenger, duas importantes pautas para discussão e conscientização: doação de órgãos e prevenção ao suicídio, respectivamente Setembro Verde e Setembro Amarelo. Ambos temas são cercados de tabus e Tanise acredita que a informação é uma grande aliada para reverter este quadro.
Setembro Verde: mês de incentivo de doação de órgãos e tecidos
Tanise Sabino falou da importância do incentivo à doação de órgãos e tecidos e do instrumento que existe hoje para reafirmar junto à família a intenção de ser doador: “Eu não só apoio a causa, mas também sou doadora e já registrei essa intenção na Central Notarial de Doação de Órgãos, obtendo, assim, a minha certidão. Apresentei-a em tribuna na Câmara de Vereadores, incentivando outras pessoas a fazerem este gesto. O documento é gratuito e pode ser emitido em qualquer tabelionato. O melhor de tudo é que o sistema está interligado ao Sistema Nacional de Doação de Órgãos, o que agiliza o eventual processo de doação e salva vidas”.
Dr. Alan Lanzarin, do 9º Tabelionato, representando a categorial notarial, compartilhou uma ótima novidade: “A repercussão do projeto que permite aos cidadãos declararem por meio de escritura pública sua intenção de doar órgãos ao falecer sem qualquer custo e com total idoneidade foi tão boa que hoje todos os cartórios do país estão aptos a fazer o registro. E melhor ainda: ele pode ser feito de forma digital através do e-notariado”. Alan também compartilhou o histórico do projeto e de todos desafios encontrados para que ele fosse colocado em prática: “é importante destacar que a ideia surgiu em uma reunião como esta e foi ganhando adeptos. Ou seja, espaços como este, oportunizado pela COSMAM são fundamentais para o fortalecimento da doação de órgãos e tecidos”, concluiu Alan.
A Coordenadora da Casa de Passagem São Lucas, Elisangela Fliegner, falou sobre o trabalho da instituição no acolhimento de pessoas que aguardam pela doação de órgãos. “Precisamos estimular nas famílias, nas escolas, em todo lugar, pra que as pessoas se tornem doadores”. Para a coordenadora, é fundamental ampliar a divulgação e a conscientização sobre o processo de doação de órgãos, por ainda haver muita desinformação sobre o tema. Elisangela também trouxe um testemunho de outro aspecto que precisa ser discutido no que tange a doação de órgãos: “Testemunhei por algumas vezes o contraponto entre vida e morte – de uma lado a perda de uma família e de outro a alegria de alguém que receberá uma doação e é fundamental preparar as equipes de captação de órgãos. A abordagem deve ser cuidadosa e sensível, pois é necessária uma preparação para lidar com emoções extremas.
Justamente para trazer os aspectos psicológicos na temática da doação de órgãos, Tanise convidou uma paciente que aguarda transplante de rins e seu marido para compartilhar a vivência de quem aguarda por um transplante. “Nós que viemos de Manaus para aguardar um transplante, uma espera esta que já dura 2 anos,ficamos felizes em ter este espaço de discussão pois somos testemunhas da importância das políticas públicas e de espaços de acolhida”, afirmou Carlos Fabricio Marques da Silva, marido de Martha Jerussa, que aguarda por uns transplante de rins.
Vilmo de Tomas, diretor da Associação Nacional de Prés e Pós Transplantados, convidou as entidades e autoridades presentes na reunião a se somarem na luta travada pela associação, no sentido de melhorar o atendimento e o acesso aos serviços de saúde por quem precisa de transplante. “Nosso objetivo como associação é baixar o tempo de espera na fila de transplantes para três meses”, contou.
Setembro Amarelo: mês de prevenção ao suicídio
Tanise Sabino, que preside a Frente Parlamentar de Prevenção do Suicídio e Automutilação, destacou a importância da discussão trazida pelo Setembro Amarelo, que é uma constante em seu mandato. A parlamentar é autora de duas leis relacionadas ao Setembro Amarelo: uma que institui o Dia Municipal de Prevenção ao Suicídio no dia 10 de setembro, e outra que determina que no primeiro domingo do mês de setembro seja realizada uma caminhada de conscientização. “Precisamos falar de prevenção e, mais do que isso: atuar. E neste sentido destaco aqui o Programa Incluir Mais Poa que levou 27 psicólogos para as escolas da rede pública de educação básica e vão apoiar toda a comunidade escolar. Precisamos estar atentos pois o suicídio tem aumentado muito entre jovens e isso pode ser evitado”, pontuou Tanise.
Reforçando o alerta de Tanise, a Presidente da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, a Médica Psiquiatra Ana Tietzman, apresentou estudos demonstrando a importância do tema e sugerindo ações possíveis para a prevenção. A profissional também alertou para 2 pontos de atenção: “quando olhamos os números de suicídios, estamos olhando apenas para o topo da pirâmide, que são os casos consumados, que entram para estatísticas. Mas há infinitamente mais ocorrências, onde ações de prevenção podem ser efetivas.” A Dra. Ana também pontuou a necessidade de cuidar e acompanhar as pessoas que perderam alguém próximo por suicídio: “estamos falando de no mínimo cinco pessoas que se tornam mais suscetíveis e tem a sua saúde mental comprometida”.
Respondendo aos alertas da Dr. Ana Tietzmann, a Coordenadora da Saúde Mental da Prefeitura de Porto Alegre, Marta Fadrique, anunciou a oferta de 3 novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) para Porto Alegre e destacou: “estamos cientes desta pirâmide e por isso queremos fortalecer e rede de saúde mental na capital mas também a atenção primária, com a presença de psicólogos e psiquiatras nas unidades de saúde”. Marta também foi taxativa: “a Saúde Me tal passou a ser umas das nossas prioridades, sobretudo depois do impacto vivido pelas enchentes”.
A presidente do CVV, Arlei Weide, parabenizou a inciativa de Tanise Sabino de pautar o Setembro Amarelo na COSMAM, lembrando a importância de ampliar a rede de discussão sobre a prevenção do suicídio: “é preciso trazer para luz este tema que ficou por muito tempo escondido. E acabar com tabus”, frisou Arlei destacando que quem tira a própria vida quer na verdade por fim a sua dor e sofrimento, e não à vida.
Concluindo a discussão do Setembro Amarelo a Diretora do Hospital Psiquiátrico São Pedro, Chris Allves, compartilhou o desafio da instituição de “construir pontes para aqueles que sofrem, para que não se sintam sozinhos” e também reafirmou sua crença de que “a prevenção é possível, transformando desespero em esperança”, reforçando o compromisso com o cuidado: “No São Pedro, nos dedicamos diariamente à construção de um ambiente de acolhimento. O Setembro Amarelo precisa ser um compromisso contínuo com o bem-estar de todos”, afirmou.