O Simpósio “Saúde Mental em Tempos de Pós-Pandemia” realizado na Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) no último dia 27 de abril trouxe especialistas no tema que refletiram o novo normal, após os impactos da pandemia, em especial no campo da saúde mental.
“A AMRIGS se sente muito feliz em sediar este evento. A pandemia nos trouxe muitos problemas e o agravamento deles precisa ser discutido. É uma tomada de conhecimento e consciência da nossa população”, afirmou o diretor de Finanças da AMRIGS, Dr. Breno José Acauan Filho, anfitrião do evento.
O evento foi prestigiado pelo Prefeito Municipal, Sebastião Melo, que em sua saudação inicial deixou bem claro os dois motivos de sua presença: “Primeiro, porque o tema é de fundamental importância para o desenvolvimento de nossa sociedade. Segundo, para reconhecer o trabalho da Vereadora Psicóloga Tanise Sabino, que tem sido incansável nesta luta!”. Melo também lembrou os reflexos da pandemia, em especial na área da saúde: “Houve perdas muito significativas, mas também lições e o Sistema Único de Saúde (SUS) mostrou-se como um caminho. O grande desafio, agora, é diminuir a fila por atendimentos. Isso acontece porque a pandemia não foi só algo que afetou a saúde, mas também atingiu muita gente no lado social. As pessoas enfrentaram dificuldades e saíram de planos de saúde privados, indo buscar atendimento no setor público”, disse.
Esta contextualização também foi a tônica do pronunciamento do Secretário Municipal de Saúde, Dr. Mauro Sparta que ressaltou inclusive o quanto o Porto Alegre acaba absorvendo a demanda de serviço de cidadãos de municípios vizinhos, mais prejudicados ainda com a pandemia.
O Presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Dr. Carlos Sparta também se fez presente no simpósio e elogiou a programação do evento com destaque para o painel sobre Burnout que “é um transtorno que tem impactado muito a classe médica”.
Também prestigiou o evento o Presidente da Associação de Notários do Rio Grande do Sul, Dr. Pedro Lamana Paiva que destacou o recente lançamento da Central Notarial de Doação de Órgãos, uma grande conquista para a saúde que coloca o Rio Grande do Sul como referência para o país neste quesito.
Ainda na abertura do Simpósio a Vereadora Psicóloga Tanise Sabino compartilhou o trabalho que a primeira Frente Parlamentar de Promoção à Saúde Mental em 250 anos de história do parlamento vem desenvolvendo a partir de sua instalação em julho de 2021. “O trabalho é vivo e ativo. Foi desenvolvido um planejamento estratégico das ações a serem desenvolvidas e o diálogo com entidades representativas da sociedade é uma constante. O trabalho não se limita às ações de conscientização, mas está sempre desenvolvendo ferramentas de capacitação e multiplicação de conteúdos”.
Tanise ressaltou que a própria realização desse simpósio, em parceira com AMRIGS e Prefeitura Municipal de Porto Alegre, é uma realização concreta da Frente Parlamentar. “Aproveito também esta oportunidade para compartilhar que já temos previstos outros dois seminários – um dia 6 de julho, abordando a Dependência Química: prevenção, tratamento e ressocialização; e outro dia 14 de setembro, com o tema: Além da dor: compreendendo a relação entre autolesão, depressão e suicídio”. Para concluir, a parlamentar deixou um questionamento para o púbico: “Durante a pandemia falávamos – vai passar – e passou. Mas e agora, como estamos? Será que o “novo normal” é normal?”
Na primeira palestra da tarde, a psicóloga Clínica e Organizacional, diretora fundadora do Instituto de Desenvolvimento Global (IDG), Zeila Bedin, destacou o quanto a sociedade foi impactada pelo cenário da pandemia. “A pandemia foi a maior descompensação ocorrida nos últimos cem anos. Só damos atenção à saúde mental quando se adoece e infelizmente foi isso que aconteceu. Nunca passamos por algo tão crítico e devastador”, disse. A palestra contou com a moderação da também psicóloga Clínica e Organizacional, Marla Martins.
O burnout teve acentuados casos no cenário da pandemia. Com moderação da Dra. Clara Ester Trahtman, médica psiquiatra da Associação de Psiquiatra do Rio Grande do Sul (APRS), o bloco seguinte abordou a síndrome que resulta do estresse crônico no ambiente de trabalho, caracterizada por exaustão emocional. O tema foi abordado pelo convidado Alceu Gomes, médico psiquiatra. Em sua abordagem, destacou não apenas os desafios clínicos, mas também os práticos. No Brasil, a doença custa cerca de 80 bilhões de dólares ao ano para os empregadores e, nos Estados Unidos, ela totaliza um montante de 300 bilhões de dólares. “O burnout pode acentuar um transtorno emocional pré existente. Há um processo de negação inicial e casos de pessoas mais intelectualizadas, o corpo acaba apresentando reações como humor depressivo ou humor ansioso”, relatou.
Um dos tantos reflexos na Pandemia na área da Saúde foi o aumento da lista de espera por transplantes, visto que em um primeiro momento até mesmo as cirurgias desta natureza forma suspensas. Assim, a organização do Simpósio considerou relevante também trazer esta temática para a discussão na plenária. Com esta missão, foram convidadas a Vice-presidente do Colégio Notarial do Brasil, Tabeliã Rita Bervig a presidente da ONG VIA Vida, Maria Lúcia Kruel Elbern. Em uma fala breve e contundente Rita Bervig explicou a dinâmica da Central Notarial de Doação de Órgãos e o quanto o registro púbico da doação pode agilizar o processo e salvar vidas. Maria Lúcia, que também é psicóloga compartilhou a sua história pessoal – quando seu filho necessitou de transplante – e como a dor foi transformada em ação através da Via Vida. que hoje é uma referência, oferecendo apoio para transplantados e seus familiares, àqueles que ainda aguardam na fila, e também desenvolvendo ações de incentivo a doação de órgãos e tecidos.
Uma das faixas etárias mais atingidas pelo cenário pandêmico foi a pessoa idosa. A palestra com moderação de Clesia Zieman, coordenadora da Saúde do Idoso na Secretaria Municipal da Saúde (SMS), teve como convidado o médico Roberto Bigarella, psiquiatra e geriatra. “Coisas banais como ir ao supermercado viraram uma aventura. Passamos a usar máscaras e diminuímos o contato com a família. Veio a incerteza e a ansiedade em relação ao futuro. Entre os idosos, então, foi ainda mais complicado “, relatou o profissional que também alertou para as consequências de memes que circularam na internet, como as imagens de “cata véio na rua”, afetando a autoestima dos idosos. “Se você achou engraçado, repense. Com certeza os idosos sofreram com mais este preconceito”, destacou Bigarella.
A parte final do evento trouxe a psicóloga especialista em Recursos Humanos e Coach, Ligia Nery em uma conversa contagiante sobre bem-estar e felicidade, moderada pela vereadora psicóloga Tanise Sabino. De uma forma descontraída, Ligia trouxe várias reflexões e provocações para a plateia: “cada um precisa descobrir o seu propósito e alinhar sua vida para estar sempre com este norte”, concluiu Nery.
A realização foi da Frente Parlamentar de Promoção à Saúde Mental da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, da Prefeitura de Porto Alegre e da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS). O simpósio também teve o apoio da Associação de Psiquiatra do Rio Grande do Sul (APRS), da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Rio Grande do Sul (SBGG-RS), do Colégio Notarial do Brasil, da Associação de Notários do Rio Grande do Sul, da ONG Via Vida e da Editora Grupo A.
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